Quando pensamos em parto, imaginamos que podemos controlar cada detalhe, mas eu sempre soube que o verdadeiro controle não estava em minhas mãos – estava nas de DEUS. Minha gravidez foi de alto risco, e desde um ultrassom de rotina que levou a uma ressonância, eu senti que o destino desse momento estava nas mãos d’Ele. Este artigo é uma forma de agradecer por tudo o que Deus preparou no dia 26.07.2024, o dia do meu renascimento. Aqui, compartilho o que aconteceu no parto e como me conectei ainda mais profundamente com minha fé.
Eu era uma mulher cheia de sonhos, e um deles era ter meu segundo filho. Meu primogênito, Daniel, pedia há tempos um irmãozinho, mas por anos, cada teste de gravidez trouxe frustração. Após várias tentativas, entreguei a Deus: “Faça a tua vontade”. Decidi seguir com minha vida, deixando o desejo de ser mãe de novo nas mãos d’Aquele que tudo sabe. E então, no inesperado pós-operatório da recém cirurgia que fiz, veio a surpresa: o teste positivo. Foi um misto de alegria e preocupação, considerando as medicações e a anestesia que fiz uso.
Minha gravidez foi repleta de desafios, mas, para a graça de Deus, nenhuma complicação afetou meu bebê, Bento. Passei 35 semanas em repouso absoluto, o período mais desafiador que já enfrentei, e que me ensinou muito sobre a força das mulheres que passam por esse tipo de jornada.
O Que é o Acretismo Placentário?
Acretismo placentário é uma condição rara e perigosa, onde a placenta adere anormalmente à parede uterina, dificultando o parto. Normalmente, a placenta se desprende facilmente do útero após o nascimento, mas, em casos como o meu, ela se infiltra profundamente, aumentando o risco de hemorragia. Essa condição pode ser dividida em três tipos:
- Placenta Acreta: A placenta adere à camada superficial do útero.
- Placenta Increta: Ela invade a camada muscular do útero.
- Placenta Percreta: A placenta atravessa todas as camadas uterinas, podendo atingir órgãos vizinhos, como a bexiga.
O Diagnóstico
Receber o diagnóstico foi como um balde de água fria. Sentia medo e incertezas, mas meu único caminho era usar esse período de repouso como um momento de conexão com Deus e com Bento. As semanas se arrastavam, e além do acretismo placentário, fui diagnosticada com colo curto, diabetes gestacional e hipotireoidismo (já tinha). Percebi que, em meio a tantos obstáculos, a descoberta precoce do acretismo foi um verdadeiro presente, pois muitas mulheres enfrentam partos de risco sem essa consciência e sem a equipe preparada.
O diagnóstico precoce permitiu que eu contasse com uma equipe qualificada, com bolsas de sangue preparadas, obstetras experientes e outros especialistas. A vida de muitas mães e bebês poderia ser salva com esse nível de atenção.
Causas
O médico explicou que a condição pode ocorrer após uma cesárea anterior. No meu caso, a placenta estava “enraizando” na cicatriz da primeira cesárea, uma situação que pode acontecer se a placenta não se desloca com o crescimento do útero. Foram muitos exames para acompanhar a profundidade da invasão da placenta, mas, graças a Deus, ela não se infiltrou além da parede uterina.
Para monitoramento, fiz ressonâncias magnéticas, que o médico considerou essenciais, dado o risco de vida envolvido.
Meu Anjo da Guarda na Maternidade
Tive a sorte de conhecer o Dr. Márcio Sakita, no Hospital Vitória, em São Paulo. Na primeira consulta, ele me explicou detalhadamente todos os riscos, inclusive a possibilidade de precisar remover o útero. Suas palavras eram firmes e ao mesmo tempo acolhedoras. Quando mencionei que já havia atendido mulheres que passaram por histerectomia com tranquilidade, ele me explicou que a retirada de um útero dilatado e em trabalho de parto é uma cirurgia muito mais complexa do que uma histerectomia tradicional. Aquela conversa foi muito esclarecedora.
Nas semanas seguintes, o Dr. Guilherme, membro de sua equipe, assumiu meu caso. Com 34 semanas, recebi alta, mas na 35ª, precisei voltar ao hospital. A experiência foi desafiadora, mas cheia de lições. (conto logo mais)
Um Novo Começo
O acretismo placentário levou meu útero, mas trouxe uma nova visão de vida e uma nova oportunidade de renascimento. Eu nasci de novo em 26.07.2024.
Meu eterno agradecimento à equipe do Hospital Vitória, que me acolheu física e emocionalmente no centro cirúrgico, na UTI e na clínica. Que Deus sempre retribua a dedicação e o carinho desses profissionais a cada paciente que cruza seus caminhos.
Esta é a história do meu renascimento, uma jornada marcada pela fé e pelo amor, e guiada por Aquele que nunca me abandonou.